sexta-feira, 6 de abril de 2012


Antes de mais, Feliz Páscoa! Espero que o Coelhinho da Páscoa vos traga muitos ovos de chocolate e que os vossos padrinhos sejam generosos.
Sabem, estive a investigar o que era a Páscoa. Nunca tive bem noção do que era, sabia, pelas minhas idas à catequese, que tinha a ver com a ressurreição de Cristo três dias depois de ter sido cruxificado, mas ficava por aí. E obviamente não ia escrever 1000 caracteres ou mais sobre as minhas idas à catequese e sobre a Páscoa Cristã. Ia ser aborrecido.
Então, como já referi, pus-me a investigar no meu amigo Google o que era a Páscoa. Antes de mais, e uma das coisas que achei mais interessante, foi a origem da palavra. Páscoa (ou em Espanhol, Pascua, em Francês, Pâques, em Italiano, Pasqua)  origina da palavra Pesah, que significa “passagem”.
Já em Inglês e Alemão, os termos usados para identificar a Páscoa, respectivamente Easter e Ostern, tem uma origem completamente diferente, ou melhor, duas possíveis origens. Alguns acreditam que poderá provir do termo Estremonat, que é o nome de um antigo mês germânico, ou que poderá vir de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a Primavera.
Agora, a Páscoa é bem mais do que a simples ressurreição de Jesus Cristo. Para os Judeus, esta altura do ano é a celebração da libertação do povo de Israel das mãos dos Egípcios. Como conta a lenda, Deus lançou dez pragas sobre o Egipto, avisando Moisés na última que iria matar todos os primogénitos egípcios mas os de Israel poderiam ser poupados, bastava que passassem o sangue de um cordeiro sobre as portas das suas casas. Diz-se que o filho do Faraó morreu e que ele acabou por dar a liberdade ao povo de Israel.
Independentemente da religião praticada (ou mesmo se não se pratica nenhuma religião) a Páscoa acaba por ser festejada por todos à volta do mundo, variando as tradições de país para país:
Na República Checa e na Eslováquia há uma tradição de chicotear as mulheres na segunda-feira de Páscoa. Esta tradição advém de uma lenda que diz que as mulheres devem ser chicoteadas para se manterem saudáveis e bonitas durante o resto do ano. Este espancamento não é doloroso.
Na Croácia e na Eslovénia há a bênção de um cesto de comida.
Na Holanda, Bélgica e França, os sinos das Igrejas são silenciados em sinal de luto.
Mas a tradição que acaba por ser mais vista nesta altura do ano são os coloridos ovos de Páscoa. Nalguns países a tradição é oferecer-se um ovo de chocolate aos afilhados, enquanto noutros países pinta-se ovos de páscoa com cores garridas e desenhos geométricos e espalha-se pela casa ou quintal para que os mais novos possam encontrar.
Assim, esta festividade é cheia de tradições, tanto religiosas como pagãs. Maior parte das pessoas juntam-se em família e celebram esta altura do ano. Muitos de nós fazem-no apenas por tradição, e não porque esta altura tem um significado especial. Outros fazem-no porque acreditam verdadeiramente no que significado da Páscoa.
Independentemente daquilo em que acreditam, espero que tenham uma boa Páscoa, ou pelo menos um bom fim-de-semana.  

Adriana Santos

quarta-feira, 4 de abril de 2012

I Have a Dream


Martin Luther King
I have a dream

“Eu tenho um sonho” foi o discurso mais marcante de Martin Luther King Jr, na sequência da marcha de Washington, a 28 de Agosto de 1963. Esta expressão imortalizou-se e é uma das principais marcas do activista, pacifista, que defendeu a igualdade racial e que lutou até ao fim pelos direitos dos negros.
Hoje é dia 4 de Abril de 2012. Há 44 anos atrás, Martin Luther King Jr. foi assassinado com uma bala no pescoço. Com apenas 39 anos de idade, e 12 anos de pregação, King viveu como sendo um rebelde para muitos, mas um herói para tantos outros.
Vencedor de um Prémio Nobel da Paz e de mais de 300 condecorações, Luther King esteve preso três vezes e foi alvo de vários atentados. Durante todo o processo de luta, várias foram as perdas humanas, nomeadamente de vários apoiantes de Luther King, que viram a sua vida acabar em nome de uma causa.
O movimento que tinha como objectivo a institucionalização dos direitos civis dos negros teve como ponto auge os anos 60, altura em que a atenção mundial se virou para a causa afroamericana e altura em que conquistas como a lei dos direitos civis de 1964, ou a lei dos direitos de voto em 1965, asseguraram o direito ao voto universal e o fim da exclusão racial em espaços públicos.
Os Ku Klux Klan são organizações racistas, defensoras da supremacia branca e do protestantismo, em detrimento dos negros, judeus, etc. Apesar de a sua existência já contar com dois séculos de história, foi difícil resistir à vaga de manifestações e marchas que ocorreram por todos os EUA durante os anos 60. Martin Luther King teve um papel essencial nesta demanda, conseguindo apoiantes para as suas causas em todos os estados.
Actualmente este género de organizações conta com um número muito reduzido de apoiantes e membros. Uma das maiores provas do sucesso da “batalha” de Luther King e de tantos outros, foi a vitória de Barack Obama, actual presidente norte-americano, nas eleições de 2008.
Obama venceu com uma maioria absoluta de 52,9% por parte do voto popular, tendo conseguido a vitória em 28 dos 50 estados, conquistando também a capital do país, Washington D.C. Tal como Martin Luther King, o ex-senador do Illinois venceu o Prémio Nobel da Paz em 2009, e tal como Martin Luther King, o presidente norte-americano é negro.
A presença de Barack Obama na Casa Branca é o símbolo da vitória da demanda de Luther King, mas, para além disso, é o expoente máximo da vitória de uma minoria oprimida e renegada ao longo de dezenas de gerações.
Martin Luther King morreu, faz hoje exactamente 44 anos. Martin Luther King morreu para que 44 anos depois, Barack Obama, o primeiro presidente afroamericano, pudesse estar à frente de uma das principais potências mundiais.


segunda-feira, 2 de abril de 2012



Habemus Papam

No sétimo aniversário da sua morte relembramos João Paulo II.
Nascido Karol Józef Wojtyła a 18 de Maio de 1920, foi o 264º Papa, o primeiro Papa não italiano desde 1520 e, ao mesmo tempo, um dos líderes mais influentes do séc. XX.

Como líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana  foi dos que mais viajaram em representação da causa cristã, visitando 129 países ao todo. Aonde quer que fosse, a sua batina branca trazia uma mensagem de esperança. Esperança aos que sofrem, esperança aos enfermos.

A sua dedicação era tanta que, na sua primeira viagem oficial, visitou uma igreja cheia de doentes e inválidos no México e, segundo um dos acompanhantes:  “deteve-se diante de cada um deles e tive a impressão de que os venerava a todos: inclinava-se para eles, tentava compreender o que lhe diziam e depois acariciava-lhes a cabeça”. “Os responsáveis pela cerimónia depressa se deram conta que, neste tipo de viagens, não deviam colocar mais de trinta doentes diante do altar,” para não interferir com os horários.
Ao longo do seu pontificado realizou vários feitos memoráveis, como o famoso pedido de desculpas, em nome da Igreja Católica, às vitimas da Inquisição, aos cristão ortodoxos, às mulheres e povos discriminados pela Igreja, aos muçulmanos mortos nas Cruzadas católicas, aos escravos africanos , às vítimas do holocausto, e a todos aqueles que, pela acção ou inacção da Igreja, sofreram ou morreram.

Foi também um ponto alto no seu mandato, a melhoria das relações entre o catolicismo e o islamismo. Em 2001, em visita à Síria, Karol Wojtyla tornou-se o primeiro Papa não só a entrar, mas também a rezar numa mesquita, e a beijar o Corão. No seu discurso no local proferiu: "Por todas as vezes que os cristãos e os muçulmanos se ofenderam entre si, precisamos buscar o perdão do Todo Poderoso e oferecer uns aos outros o perdão". Durante o seu mandato, o Catecismo da Igreja Católica demonstrava a igualdade espiritual entre as duas religiões com a seguinte afirmação: "O plano de salvação também inclui aqueles que reconhecem o Criador, o que inclui os muçulmanos; estes professam ter a fé de Abraão, e junto com nós, eles adoram a um, Deus misericordioso, juiz dos homens no último dia".

Apesar de ser apologista do maior respeito e liberdade para as mulheres, e de uma relação mais próxima entre a ciência e a religião, Karol Wojtyla foi bastente criticado por ser conservador em alguns aspectos. Era contra a homossexualidade, a inclusão do sexo feminino em alguns sectores da igreja e rejeitava a contracepção.
A sua posição nos escândalos sexuais, mais especificamente de pedofilia, no seio da Igreja também foi alvo de condenação. O Papa foi acusado ser dúbio, de condenar em público e encobrir os casos na fachada.

Karol Wojtyla foi o primeiro Papa polaco, como tal, o primeiro originário de um país comunista.
O seu papel na alteração do regime deste país e de outros é inegável. Inclusivamente o presidente russo, Mikail Gorbachov, reconheceu-o abertamente ao afirmar: “Não fui eu que acabei com o comunismo, mas João Paulo II”. O Papa é considerado o catalisador para a revolução pacífica.
Segundo Lech Wałęsa, fundador do ‘Solidariedade’, movimento sindical não-comunista polaco, "Antes de seu pontificado, o mundo estava dividido em blocos. Em Warsaw, em 1979, ele simplesmente disse: 'Não tenha medo'. O seu discurso “foi o detonador da mudança”, completa o General Wojciech Jaruzelski, último líder na Polônia comunista.

O que mais cativava na sua figura era o sorriso, a devoção a Maria, o domínio de várias línguas e o seu amor às crianças e aos pobres.
Era amante de esqui, montanhismo e remo. “Karol Woytila [em privado era] exactamente como era visto em público: um homem enamorado, um cristão que olhava para além de si mesmo. A sua peculiaridade pessoal aparecia principalmente na sua relação com Deus. Por isso a sua espiritualidade era atraente e cativante. Sofrendo, ou rindo, não mantinha uma relação especulativa com uma divindade distante. No seu dia-a-dia, estar com Deus constituía a maior paixão, a mais intensa prioridade, e sempre mais, o mais normal do mundo”, refere  Joaquín Navarro-Valls, ex porta-voz de João Paulo II



Juan Paulo II foi sacerdote até ao fim, porque deu a sua vida a Deus pelas suas ovelhas e pela inteira família humana, numa doação quotidiana ao serviço da Igreja e sobretudo nas difíceis provas dos últimos meses de vida.”, Papa Bento XVI.



Ana Ernesto