quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia do Pi

Número grego p
     Hoje é o dia do Pi. A aproximação mais utilizada para a constante matemática mais conhecida é 3,14, daí ser o dia 14 de Março (3/14) aquele em que se comemora o Pi. Esta data comemora-se desde 2009, depois de o Congresso dos EUA declarar a importância do número e de estudar matemática. Algumas escolas portuguesas aproveitam este dia para incentivar os alunos a estudarem matemática, como é o caso do Agrupamento de Escolas de Rio de Mouro Padre Alberto Neto, que no ano passado fez uma exposição comemorativa.
     O número Pi é um número irracional, ou seja, a razão entre dois números naturais não podem expressá-lo. Ainda que corresponda a um número (à razão entre o perímetro do círculo e o seu diâmetro ou à razão entre a área do círculo e o quadrado do seu raio.), como o Pi não pode ser representado de forma numérica por ser infinito, representa-se pela letra grega que corresponde à letra p, de perímetro, do alfabeto latino.
     A primeira tentativa de utilização do Pi data de 1650 a.C.. O papiro de Rhind apontava que o Pi correspondesse a um valor próximo de 3,16. No Antigo Testamento, da Bíblia, mais precisamente no Livro dos Reis, surge uma referência ao Pi sobre a qual se tem discutido e da qual se podem tirar duas conclusões antagónicas: ou o valor estava correcto ou tinha um grande erro (mais de 100%). Esta diferença prende-se ao facto de os estudos do assunto apontarem para diferentes leituras daquilo que consta no Livro dos Reis. Em 1706, o matemático William Jones propôs a utilização da letra grega para representar o valor de Pi.
      O sítio online http://www.atractor.pt/fromPI/PIsearch.html realiza um experiência divertida que permite ao utilizador encontrar números com que se identifique, tal como números telefónicos, na sequência do número Pi. 

Imagens retiradas do site http://www.atractor.pt/fromPI/PIsearch.html, procura da data de hoje: 14.03.2012



Diogo da Cunha

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mar Lusitano

Contam-nos os historiadores que seria por volta deste mês, em que os ventos eram mais favoráveis, que as armadas portuguesas partiam para a Índia.
É neste mês também que a história de uma armada que partia para a Índia fica, para sempre, guardada em forma de livro. Diz o professor e estudioso Álvaro Pimpão que “a data de 12 de Março de 1572 é uma data assinalável porque deve corresponder à do lançamento da obra” Os Lusíadas, de Luís de Camões.
Foi a publicação de uma obra declamada ao rei D. Sebastião, que a mandou publicar com “privilegio real”. Uma obra que exaltava o povo português e, especialmente, os seus feitos marítimos. Publicada em diversos países, reconhecida através de gerações e aclamada como a epopeia de referência da língua portuguesa, Os Lusíadas é, por excelência, o maior tributo aos Descobrimentos.
No século XV, “da ocidental praia lusitana” partiam as caravelas para “mares nunca dantes navegados”. Foram viagens conturbadas, de longos meses, e até anos, mas que “entre gente remota edificaram/Novo Reino que tanto sublimaram”. Os Descobrimentos trouxeram contributos para as áreas da Botânica, da Zoologia, da Matemática, da Geografia e da Cosmologia. Graças a eles, Portugal tornou-se, nessa época, um Império, um dos países mais ricos e influentes do mundo.
Mas as potencialidades do mar para a economia portuguesa não se esgotaram com os Descobrimentos. O Professor Ernâni Lopes, autor do estudo “O hipercluster do Mar”, é um dos muitos especialistas que defende que o futuro da economia portuguesa está nos recursos marítimos. Recursos que vão desde riquezas como gás, ouro ou cobre, a matérias primas industriais. Actualmente, as actividades económicas ligadas ao mar representam cerca de 2% do PIB nacional, mas este é um sector com possibilidades de crescimento. Segundo Ernâni Lopes, em 2025, a economia do mar pode vir a representar 10 a 12% do PIB.
Tal como foi apresentado por Jorge Cruz Morais, administrador da EDP, na Lisbon Atlantic Conference do ano passado, este crescimento pode-se dever a projectos como a aposta na energia eólica offshore (ou energia das ondas). Esta energia renovável tem uma potencialidade de 250 MW e, ao contrário da onshore (ou energia do vento), tem uma capacidade de área praticamente ilimitada.
Já a associação Oceano XXI, que promove o conhecimento e a economia do mar, considera que modernizar as atividades marítimas tradicionais e desenvolver novas atividades, produtos e serviços inovadores direcionados para exportação, será um dos caminhos para o melhor aproveitamento dos recursos marítimos.
O “mar português” sempre contribuiu para a elevação do país. Portugal tem a 10ª maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Mundo, que com 1 727 408 km2 acrescenta ao território continental cerca de 15 vezes o seu tamanho, fazendo com que a área total de Portugal se equipare à Índia, o sétimo maior país do Mundo.
Ao serviço deste “nosso” mar desde o ínicio da nação está a Marinha portuguesa. E a possibilitar um amplo e profundo contacto com o mar aos futuros oficiais da Armada, já há 50 anos, está o Navio-Escola Sagres, que será condecorado, hoje, com o grau de Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo, pelo Presidente da República, Cavaco Silva. O navio-escola efectua anualmente viagens de instrução com cadetes da Escola Naval e funciona também como embaixada itinerante de Portugal, representando a Marinha e o país.
Na sua visita de hoje à Base Naval de Lisboa, no Alfeite, o Comandante Supremo das Forças Armadas visitará também a Fragata Corte-Real que largará brevemente para a “Operação Atalanta”, uma missão Europeia de anti-pirataria na Somália.
A celebrar o papel do mar na economia, cultura e lazer, não só em Portugal como noutras grandes metópoles costeiras está, até Agosto, a exposição “O mar é fixe mas não é só peixe”, no Pavilhão do Conhecimento.
No século XV “no largo mar fazendo novas vias” (Os Lusíadas, V.66.3), hoje, abrindo novas vias para o mar, sempre acompanhados da boa sardinha e da saudade dos que partem que ao Fado deu tanta inspiração, fica no mar a Cultura de um povo que sempre viveu “ao pé da praia”.

                             Raquel de Melo Teixeira