Habemus Papam
No
sétimo aniversário da sua morte relembramos João Paulo II.
Nascido Karol
Józef Wojtyła a 18 de Maio de 1920,
foi o 264º Papa, o primeiro Papa não italiano desde 1520 e, ao
mesmo tempo, um dos líderes mais influentes do séc. XX.
Como líder
mundial da Igreja Católica Apostólica Romana foi dos que
mais viajaram em representação da causa cristã, visitando 129
países ao todo. Aonde quer que fosse, a sua batina branca trazia uma
mensagem de esperança. Esperança aos que sofrem, esperança aos
enfermos.
A
sua dedicação era tanta que, na sua primeira viagem oficial,
visitou uma igreja cheia de doentes e inválidos no México e,
segundo um dos acompanhantes: “deteve-se diante de cada um
deles e tive a impressão de que os venerava a todos: inclinava-se
para eles, tentava compreender o que lhe diziam e depois
acariciava-lhes a cabeça”. “Os responsáveis pela cerimónia
depressa se deram conta que, neste tipo de viagens, não deviam
colocar mais de trinta doentes diante do altar,” para não
interferir com os horários.
Ao
longo do seu pontificado realizou vários feitos memoráveis, como o
famoso pedido de desculpas, em nome da Igreja Católica, às vitimas
da Inquisição, aos cristão ortodoxos, às mulheres e povos
discriminados pela Igreja, aos muçulmanos mortos nas Cruzadas
católicas, aos escravos africanos , às vítimas do holocausto, e a
todos aqueles que, pela acção ou inacção da Igreja, sofreram ou
morreram.
Foi
também um ponto alto no seu mandato, a melhoria das relações entre
o catolicismo e o islamismo. Em 2001, em visita à Síria, Karol
Wojtyla tornou-se o primeiro Papa não só a entrar, mas também a
rezar numa mesquita, e a beijar o Corão. No seu discurso no local
proferiu: "Por todas as vezes que os cristãos e os muçulmanos
se ofenderam entre si, precisamos buscar o perdão do Todo Poderoso e
oferecer uns aos outros o perdão". Durante o seu mandato, o
Catecismo da Igreja Católica demonstrava a igualdade espiritual
entre as duas religiões com a seguinte afirmação: "O plano de
salvação também inclui aqueles que reconhecem o Criador, o que
inclui os
muçulmanos; estes
professam ter a fé de Abraão, e junto com nós, eles adoram a um,
Deus misericordioso, juiz dos homens no último dia".
Apesar
de ser apologista do maior respeito e liberdade para as mulheres, e
de uma relação mais próxima entre a ciência e a religião, Karol
Wojtyla foi bastente criticado por ser conservador em alguns
aspectos. Era contra a homossexualidade, a inclusão do sexo feminino
em alguns sectores da igreja e rejeitava a contracepção.
A
sua posição nos escândalos sexuais, mais especificamente de
pedofilia, no seio da Igreja também foi alvo de condenação. O Papa
foi acusado ser dúbio, de condenar em público e encobrir os casos
na fachada.
Karol
Wojtyla foi o primeiro Papa polaco, como tal, o primeiro originário
de um país comunista.
O
seu papel na alteração do regime deste país e de outros é
inegável. Inclusivamente o presidente russo, Mikail Gorbachov,
reconheceu-o abertamente ao afirmar: “Não fui eu que acabei com o
comunismo, mas João Paulo II”. O Papa é considerado o catalisador
para a revolução pacífica.
Segundo Lech
Wałęsa, fundador do ‘Solidariedade’, movimento sindical
não-comunista polaco, "Antes de seu pontificado, o mundo estava
dividido em blocos. Em Warsaw, em 1979, ele simplesmente disse:
'Não tenha medo'. O seu discurso “foi o detonador da mudança”,
completa o General Wojciech Jaruzelski, último líder na
Polônia comunista.
O que
mais cativava na sua figura era o sorriso, a devoção a Maria, o
domínio de várias línguas e o seu amor às crianças e aos pobres.
Era
amante de esqui, montanhismo e remo. “Karol Woytila [em privado
era] exactamente como era visto em público: um homem enamorado, um
cristão que olhava para além de si mesmo. A sua peculiaridade
pessoal aparecia principalmente na sua relação com Deus. Por isso a
sua espiritualidade era atraente e cativante. Sofrendo, ou rindo, não
mantinha uma relação especulativa com uma divindade distante. No
seu dia-a-dia, estar com Deus constituía a maior paixão, a mais
intensa prioridade, e sempre mais, o mais normal do mundo”, refere
Joaquín Navarro-Valls, ex porta-voz de João Paulo II
“Juan
Paulo II foi sacerdote até ao fim, porque deu a sua vida a Deus
pelas suas ovelhas e pela inteira família humana, numa doação
quotidiana ao serviço da Igreja e sobretudo nas difíceis provas dos
últimos meses de vida.”, Papa Bento XVI.
Ana Ernesto
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