quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril – O dia em que o povo ordenou

O capitão Frederico Morais, exultante, liga o telefone para o PC [Posto de Comando].
- Daqui ÓSCAR [Otelo] – atendo.
- Daqui, maior de LIMA DEZOITO [unidades sector Lisboa]. Informo ocupámos TÓQUIO [Emissão Nacional] sem qualquer incidente – diz o capitão, ofegante.
- Okay! Parabéns e um abraço.
Do outro lado do fio ele hesita. Não pousa o telefone. E não resiste, ansioso, a perguntar:
- Alô, ÓSCAR. Peço informe se estamos sós ou se já houve outras ocupações.
- Afirmativo quanto à segunda parte da pergunta. Não estão isolados. MÓNACO e MÉXICO [Radiotelevisão Portuguesa e Rádio Clube Português] já caíram nas nossas mãos.
Morais quebra, com alegria, a seca linguagem regulamentar das transmissões militares:
- Eh! pá! Palavra de honra? Isso é porreiro, pá!
- Okay! Aguentem firme. Está tudo a correr bem.
Desligo. Temos mais um objectivo na mão. São três horas e quinze minutos da madrugada de 25 de Abril.
(Otelo Saraiva de Carvalho, 1991 – Alvorada em Abril, Pub. Alfa)

Era 25 de Abril de 1974 e Portugal acordava para outro dia de trabalho ingrato e opressão mas, em Lisboa, os altifalantes anunciavam um dia diferente. Os pedidos para permanecerem em casa por razões de segurança eram ignorados e a população civil acorria às ruas em apoio aos militares. Pelas 19h50, através de um comunicado do MFA (Movimento das Forças Armadas) na RTP, o resto do país confirmaria o que os boatos diziam: o regime caíra.
Em 1974 um grupo de capitães julgava que o problema de Portugal era a falta de liberdade. Organizou-se e foi liberdade que lhe deu, na esperança de os outros males subitamente se apagarem. 38 anos depois, o feriado da democracia mantém-se, escapando à ceifa do Governo que levou os feriados da Independência (1 de Dezembro) e da República (5 de Outubro), mas os festejos vão a meio gás.
Na Assembleia da República, o hino tocou, os cravos estavam lá, na lapela da maioria dos políticos, passou a gravação dos Emissores Associados de Lisboa que anunciava a senha “E depois do adeus”, música que foi cantada ao vivo pelo próprio Paulo de Carvalho. Estava lá o ambiente, faltavam os protagonistas. A Associação 25 de Abril anunciou, na segunda-feira, através do comunicado “Abril não Desarma”, que não participaria nos actos oficiais nacionais comemorativos do 25 de Abril uma vez que “o poder político que actualmente governa Portugal, configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores”.
Mário Soares, Primeiro-Ministro do I Governo Constitucional directamente eleito no período pós-revolução, em solidariedade com os militares também não apareceu na Assembleia República, acusando o Governo de se distanciar dos ideais do 25 de Abril. O mesmo exemplo seguiu Manuel Alegre, ex-candidato presidencial, afirmando que "uma celebração do 25 de Abril sem aqueles que o fizeram não tem o mesmo significado".
Passos Coelho reagiu dizendo estar “habituado a que algumas figuras políticas queiram assumir protagonismo em datas especiais”. No entanto, admitiu que o país tem hoje “um regime menos livre do que devia”, mas porque teve a “necessidade de assumir a sua falência interna na gestão das suas finanças públicas”.
O general Garcia dos Santos contrapôs: “se alguém quer protagonismo, se calhar é ele que o quer. Porque ainda ele não era nascido quando nós fizemos o 25 de Abril”.
No seu discurso hoje, na sessão solene da Assembleia da República, o Presidente da República Cavaco Silva afirmou que “o 25 de Abril dos nossos dias está também em mostrar ao mundo o muito de positivo que o país tem e o respeito que merecemos das outras nações”.
Apesar das constantes greves que o país vem enfrentando nestes últimos anos, as medidas de austeridade prevalecem. Neste dia em que se comemora a liberdade a revista Visão deixa a pergunta “Precisamos de outro 25 de Abril?”, várias personalidades responderam mas talvez a pergunta deva ser dirigida ao povo. Afinal, não é ele quem mais ordena?

Raquel de Melo Teixeira

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hoje celebra-se o Dia Mundial do Livro!



Em 1996, a UNESCO instituiu o dia 23 de Abril como Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Nesse dia do ano de 1616, faleceram dois gigantes da literatura ocidental: Miguel Cervantes, pai do romance moderno e autor de Dom Quixot, e William Shakespeare, o célebre dramaturgo inglês (“to be or not to be: this is the question!”). Nesta mesma data assinala-se ainda a morte do escritor catalão Josep Pla, em 1981, e o nascimento de Vladimir Nabokov, autor do polémico romance Lolita, em 1899.
       A 23 de Abril relembra-se a importância do livro como bem cultural, essencial não só para o desenvolvimento da literacia mas também para o desenvolvimento social e económico das sociedades.


Flávia Brito