Durante muito tempo foi esta a
solução encontrada para resolver as pausas forçadas nas emissões. Se
perguntarmos aos nossos pais e avós sobre os fundos peculiares que apareciam em
grande plano sempre que ocorria alguma falha técnica na transmissão de programas
do recente canal, a resposta seria a mesma: “o programa segue dentro de momentos”, enfatiza o meu avô, com voz
de gozo, como quem imita uma criança. Passados muitos anos, a mensagem que
transmite o sinal de avaria mantem-se. Foram precisas duas décadas de
experiência para que esta imagem de fundo desaparece-se.
E hoje? Como seria hoje, se a meio do
horário nobre surgisse das profundezas do minúsculo ecrã uma imagem, desta
feita a três dimensões, ou mesmo em HD, High
Quality, com um boneco animado e uma mensagem com indicações de interrupção
da emissão por problemas técnicos? A impossibilidade de tal acontecer
inviabiliza quaisquer situações que pudessem surgir na minha mente mundana de
quem nasceu no século XX, e de quem passou um milénio.
Nasci com toda a tecnologia ao meu
dispor. Lembro-me de ver vezes sem conta o Rei
Leão e os 101 Dálmatas. Lembro-me
do “tijolo” que era o primeiro telemóvel da minha mãe. Lembro-me da primeira
vez que toquei num computador. E sobretudo, lembro-me do velho aparelho “Sony” – sim, porque quando a minha mãe
se casou, os televisores “Sony”
estavam na moda – à frente do qual eu passei horas e horas a ver os meus
programas favoritos. Sempre tive escolha. Desde pequena que tive os quatro
canais à minha disposição, e ouvir falar em televisão a preto e branco sempre
me pareceu uma anedota, ou um daqueles filmes super antiquados, em que ninguém
fala e que as mensagens são transmitidas por gestos.
Hoje é dia 7 de Março de 2012. Há
precisamente 55 anos atrás teve início a primeira emissão regular da RTP. E
coincidência, ou não, há exactamente 32 anos deu-se a primeira transmissão a
cores deste canal. Não tive o prazer de estar à espera do rebentar da bomba;
aquela contagem decrescente que deixa um “friozinho” na barriga a todos os que
estão por detrás e à frente das câmaras fascina-me; e aquela ansiedade de quem
jamais vira um televisor e de quem aguarda nervosamente a oportunidade de ver,
pela primeira vez, pessoas a movimentarem-se de dentro de uma caixa, geralmente
preta, com som e a preto e branco.
Cerca das 21.30H começa o genérico da
RTP. É ao som de “Derby Day” que a
primeira emissão tem início. É com a voz de Maria Helena Santos que a emissora
nacional arranca. Marcada pelo nervosismo e por constantes falhas, a primeira
transmissão da RTP decorre de acordo com o esperado, e é considerada por muitos
como um êxito.
Passados tantos anos, para uma
geração que sempre viveu, que cresceu, que deu os primeiros passos e que dará
os últimos rodeada de tecnologia, é impensável sequer imaginar um mundo onde a
televisão não exista; é inconcebível a ideia de não poder, através de um
simples botão, ter acesso ao mundo, sim, porque a televisão, acima de tudo,
possibilitou-nos e facilitou-nos o acesso a qualquer parte do globo.
Há 55 anos ao som de “Derby Day”, hoje através de “Portugal é RTP”:
“Eu estarei
onde tu estiveres
Eu serei o
que tu quiseres
O teu ver
para crer, como fui
Desde a
primeira vez
Estou onde
queres que eu esteja
Sou o que
quiseres que eu seja
A tua alma,
a tua força, a tua voz principal…
A tua imagem
no espelho
Afinal…
Portugal é RTP”
Visite
o museu virtual da RTP e fique a saber mais sobre a História da emissora
nacional: http://museu.rtp.pt/
Sem comentários:
Enviar um comentário