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de Março de 1500. Data em que Pedro Alvares Cabral saiu com a sua frota da
costa portuguesa em rumo à Índia.
Os
que ainda se lembram das aulas de história sabem o que aconteceu a seguir. Para
o que não se lembram eu conto: a 22 de Abril de 1500 avista-se terra. Mas não a
que se esperava. Foi nesta data que tocámos pela primeira vez em solo
brasileiro, reivindicando-o nosso e só nosso.
Denominado
de Ilha de Santa Cruz e mais tarde de Terra de Santa Cruz, os portugueses tomaram
posse do pedaço de terra acabado de descobrir e começaram a colonizá-lo por
volta de 1530.
Durante
mais de três séculos usámos e abusámos de tudo o que o Brasil tinha para dar.
Exportámos o seu açúcar, usámos as suas pessoas como escravas, explorámos o
seu ouro e transformámos o país num destino para os degredados portugueses.
Apenas
em 1825 Portugal declarou o Brasil um país independente.
Eles
lá e nós cá. Foi assim que vivemos durante mais de um século. Porém por volta
do ano 2000 começou a haver uma grande afluência de brasileiros para o nosso
cantinho à beira mar plantado. Em busca de melhores condições de vida e de
emprego, o povo brasileiro começou a vir de armas e bagagens para Portugal. Ainda
era pequena e não tenho grande memória disto, mas do pouco que me lembro não
estávamos muito a favor da sua estadia no nosso país. Acreditávamos que vinham
tirar emprego aos locais. “Estávamos
aqui primeiro” bradávamos.
Agora
estamos num buraco gigante. Todo o país está a espera para ver o que vai
acontecer e como vai acontecer. E infelizmente, com a falta de emprego, a única
solução é emigrar.
Como
tal procura-se partir para países que falem a nossa língua – o Brasil e a Angola
tornam-se locais de preferência.
Portanto,
agora somos nós que rumamos para o Brasil. Em busca de melhores condições de
vida e de emprego. E esperamos ser recebidos de braços abertos.
Está
a emigrar muita gente. Muitas vão com uma mão à frente e outra atrás, sem
conhecer o país ou ter alguém lá que os possa orientar.
E
como se ainda precisássemos de mais incentivos para ir, o primeiro-ministro vem
e informa que realmente ir embora pode muito bem ser uma solução. Porque aqui
já não há trabalho.
Com
isto tudo dá vontade de ir mesmo embora. Deixar aqui os governantes a comandar Portugal.
O
problema é que também ninguém nos quer. Logo a seguir ao maravilhoso comentário
de Passo Coelho, que acabou por aparecer nas notícias de todo o mundo, o Brasil
e Angola deram logo resposta: “aqui também temos os nossos problemas”. Resultado:
ninguém nos quer. Mas nós vamos à mesma.
E
sendo assim, o último que feche a porta.
AGS
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