sexta-feira, 9 de março de 2012

9 de Março


9 de Março de 1500. Data em que Pedro Alvares Cabral saiu com a sua frota da costa portuguesa em rumo à Índia.
Os que ainda se lembram das aulas de história sabem o que aconteceu a seguir. Para o que não se lembram eu conto: a 22 de Abril de 1500 avista-se terra. Mas não a que se esperava. Foi nesta data que tocámos pela primeira vez em solo brasileiro, reivindicando-o nosso e só nosso.

Denominado de Ilha de Santa Cruz e mais tarde de Terra de Santa Cruz, os portugueses tomaram posse do pedaço de terra acabado de descobrir e começaram a colonizá-lo por volta de 1530.
Durante mais de três séculos usámos e abusámos de tudo o que o Brasil tinha para dar. Exportámos o seu açúcar, usámos as suas pessoas como escravas, explorámos o seu ouro e transformámos o país num destino para os degredados portugueses.
Apenas em 1825 Portugal declarou o Brasil um país independente.
Eles lá e nós cá. Foi assim que vivemos durante mais de um século. Porém por volta do ano 2000 começou a haver uma grande afluência de brasileiros para o nosso cantinho à beira mar plantado. Em busca de melhores condições de vida e de emprego, o povo brasileiro começou a vir de armas e bagagens para Portugal. Ainda era pequena e não tenho grande memória disto, mas do pouco que me lembro não estávamos muito a favor da sua estadia no nosso país. Acreditávamos que vinham tirar emprego aos  locais. “Estávamos aqui primeiro” bradávamos.
Agora estamos num buraco gigante. Todo o país está a espera para ver o que vai acontecer e como vai acontecer. E infelizmente, com a falta de emprego, a única solução é emigrar.
Como tal procura-se partir para países que falem a nossa língua – o Brasil e a Angola tornam-se locais de preferência.
Portanto, agora somos nós que rumamos para o Brasil. Em busca de melhores condições de vida e de emprego. E esperamos ser recebidos de braços abertos.
Está a emigrar muita gente. Muitas vão com uma mão à frente e outra atrás, sem conhecer o país ou ter alguém lá que os possa orientar.  
E como se ainda precisássemos de mais incentivos para ir, o primeiro-ministro vem e informa que realmente ir embora pode muito bem ser uma solução. Porque aqui já não há trabalho.
Com isto tudo dá vontade de ir mesmo embora. Deixar aqui os governantes a comandar Portugal.
O problema é que também ninguém nos quer. Logo a seguir ao maravilhoso comentário de Passo Coelho, que acabou por aparecer nas notícias de todo o mundo, o Brasil e Angola deram logo resposta: “aqui também temos os nossos problemas”. Resultado: ninguém nos quer. Mas nós vamos à mesma.
E sendo assim, o último que feche a porta. 



AGS

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