A Síria de hoje foi criada como mandato francês, após
a primeira guerra mundial e o desmembramento do império otomano – tal como
tinha sido combinado no acordo de Sypes-Picot, assinado secretamente entre a Inglaterra
e a França, em Novembro de 1915. Em 1943, na sequência da campanha da Síria e
do Líbano surgiram dois países independentes da entidade e, a 17 de Abril de
1946, a Síria tornou-se uma república parlamentar independente.
Entre 1949 e 1970, o país sofreu um grande número de
golpes militares e de tentativas de golpe. A Síria esteve sob Estado de sítio
desde 1962 até 2011. O país é governado pelo Partido Baath desde 1963. Porém, o
poder está actualmente concentrado na presidência e num pequeno grupo de
políticos e militares autoritários. O actual presidente da Síria é Bashar
al-Assad, filho e sucessor (na presidência do país) de Hafez al-Assad, que governou
durante 30 anos.
A
26 de Janeiro de 2011, eclodiu na Síria uma guerra civil entre defensores do
regime de Bashar al-Assad e manifestantes que querem a renúncia do presidente.
A revolta síria faz parte da onda revolucionária de protestos e conflitos que
vem ocorrendo no Médio Oriente e no Norte de África – a Primavera Árabe.
Um manifestante anti-Assad grafita na
parede de um prédio "Derrubem al-Assad", em Maio de 2011.
O conflito armado dura já há
13 meses e, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), já morreram
mais de 11 mil pessoas, sendo a grande maioria destas civis (quase oito mil). O
Conselho de Segurança das Nações Unidas votou uma
resolução contra o governo de Assad, porém, esta foi vetada pela Rússia e pela
China.
Na Síria, encontra-se actualmente uma equipa de
observadores da ONU encarregues de supervisionar uma trégua entre as forças
leais ao regime de Bashar al-Assad e as tropas armadas da oposição, assim como
de acompanhar a realização do plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe,
Kofi Annan. De acordo com a Resolução do Conselho de Segurança da ONU, a Síria
deverá receber agora 30 observadores, embora, no futuro, o número possa
aumentar para os 200.
Até hoje o cessar-fogo, que entrou em vigor no dia 12
de Abril, foi acompanhado por denúncias de violações de ambos os lados. Segundo
os peritos das Nações Unidas em direitos humanos, está a ser violado o armistício na Síria,
uma vez que nos últimos dias foram registados casos de ataques de lança-minas
por parte das tropas governamentais, tal como episódios de execuções de
soldados sírios capturados por rebeldes.
Os especialistas da ONU concluem, contudo, que o nível de
violência começou a diminuir. Mas nem todos acreditam no êxito do plano de Kofi
Annan. Assim, a secretária de Estados dos EUA, Hillary Clinton, declarou que estes
estão a preparar um novo pacote de medidas em relação a Damasco para o caso de
a missão da ONU e da Liga Árabe fracassar.
Comício de apoio ao presidente Bashar
al-Assad, em Latakia, a 20 de Junho de 2010.
Manifestação anti-governo em Idlib, no noroeste sírio, a 3 de Fevereiro
de 2012.
Flávia Brito
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