terça-feira, 17 de abril de 2012

Sobre sangue celebra-se hoje o 66º aniversário da independência da Síria

Há precisamente 66 anos, a Síria, que enfrenta actualmente uma violenta e sanguinária guerra civil, obteve a sua independência.

A Síria de hoje foi criada como mandato francês, após a primeira guerra mundial e o desmembramento do império otomano – tal como tinha sido combinado no acordo de Sypes-Picot, assinado secretamente entre a Inglaterra e a França, em Novembro de 1915. Em 1943, na sequência da campanha da Síria e do Líbano surgiram dois países independentes da entidade e, a 17 de Abril de 1946, a Síria tornou-se uma república parlamentar independente. 

Entre 1949 e 1970, o país sofreu um grande número de golpes militares e de tentativas de golpe. A Síria esteve sob Estado de sítio desde 1962 até 2011. O país é governado pelo Partido Baath desde 1963. Porém, o poder está actualmente concentrado na presidência e num pequeno grupo de políticos e militares autoritários. O actual presidente da Síria é Bashar al-Assad, filho e sucessor (na presidência do país) de Hafez al-Assad, que governou durante 30 anos.

A 26 de Janeiro de 2011, eclodiu na Síria uma guerra civil entre defensores do regime de Bashar al-Assad e manifestantes que querem a renúncia do presidente. A revolta síria faz parte da onda revolucionária de protestos e conflitos que vem ocorrendo no Médio Oriente e no Norte de África – a Primavera Árabe.

 


Um manifestante anti-Assad grafita na parede de um prédio "Derrubem al-Assad", em Maio de 2011.




O conflito armado dura já há 13 meses e, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), já morreram mais de 11 mil pessoas, sendo a grande maioria destas civis (quase oito mil). O Conselho de Segurança das Nações Unidas votou uma resolução contra o governo de Assad, porém, esta foi vetada pela Rússia e pela China.

Na Síria, encontra-se actualmente uma equipa de observadores da ONU encarregues de supervisionar uma trégua entre as forças leais ao regime de Bashar al-Assad e as tropas armadas da oposição, assim como de acompanhar a realização do plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. De acordo com a Resolução do Conselho de Segurança da ONU, a Síria deverá receber agora 30 observadores, embora, no futuro, o número possa aumentar para os 200. 

Até hoje o cessar-fogo, que entrou em vigor no dia 12 de Abril, foi acompanhado por denúncias de violações de ambos os lados. Segundo os peritos das Nações Unidas em direitos humanos, está a ser violado o armistício na Síria, uma vez que nos últimos dias foram registados casos de ataques de lança-minas por parte das tropas governamentais, tal como episódios de execuções de soldados sírios capturados por rebeldes.

Os especialistas da ONU concluem, contudo, que o nível de violência começou a diminuir. Mas nem todos acreditam no êxito do plano de Kofi Annan. Assim, a secretária de Estados dos EUA, Hillary Clinton, declarou que estes estão a preparar um novo pacote de medidas em relação a Damasco para o caso de a missão da ONU e da Liga Árabe fracassar. 


 

Comício de apoio ao presidente Bashar al-Assad, em Latakia, a 20 de Junho de 2010.

 




 

Manifestação anti-governo em Idlib, no noroeste sírio, a 3 de Fevereiro de 2012.








Flávia Brito

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