“Napollande”
Na semana em que François
Hollande tomou posse do cargo de Presidente da República há que relembrar o
eterno imperador francês, Napoleão I. Hoje é dia 18 de Maio de 2012. Há
precisamente 208 anos Napoleão Bonaparte foi coroado Imperador de França.
Se olharmos para ambas as
personalidades as semelhanças não são muitas: à partida Hollande não anda a
cavalo como Napoleão nos grandes quadros e imponentes figuras, no entanto creio
que o eterno imperador não vê as horas tão bem quanto o actual chefe máximo
francês. Uma coisa os dois têm em comum: um há 208 anos atrás, outro nos dias
de hoje; Napoleão Bonaparte e François Hollande foram e são, respectivamente,
os líderes de uma imponente nação.
Napoleão conduziu a França
no tortuoso período pós-revolução; a revolução francesa que se iniciara em 1789
só viria a terminar com o golpe do 18 do Brumário de 1799 levado a cabo pelo
próprio Napoleão, que acabara de derrubar o Directório responsável pelo país.
François Hollande não teve a
mesma sorte. Homem corajoso, chegou ao poder no meio de uma das maiores crises
económicas de que há memória e, contrariamente ao período pós-revolucionário,
do qual se esperava uma recuperação bombástica e a emergência de um regime
totalmente novo, nos dias de hoje não se avizinha nada de positivo.
O desemprego, qual cavalo em
fuga, galopa a olhos vistos; os impostos, ui, esses são mais do que muitos; os
preços fogem por aí acima e os salários mantêm-se iguais, ou melhor, são
diminuídos, e tudo isto para bem da pátria. Em Portugal, oh província europeia,
a situação está assim. Primeiro implementaram-se medidas de austeridade, ou de
sufoco, como preferirem chamar, para que depois viesse um grupo de senhores
“troikianos”, na gíria popular, apertar cada vez mais a corda no pescoço de
cada português. À partida, Hollande nada teria a ver com toda esta história ora
não fosse ele o novo chefe de estado do grandioso “império” francês.
Le nouveau president não
herdou só a crise do seu próprio país. Herdou uma grande amiga, a Sra. Merkel,
chanceler alemã, que era muito chegada ao ex-presidente francês, Nikolas
Sarkozy. Ora, François Hollande foi eleito, pensava que apenas tinha de impedir
que esta grande crise chegasse aos seus compatriotas franceses, mas enganou-se.
Tem portanto: um país para gerir; uma moeda única para manter; a União Europeia
para salvar; mas acima de tudo, uma grande amizade para fortalecer (há que
manter as boas relações com os que estão mais fortes que nós).
Voltando a Napoleão, eu
pergunto-me: qual destes chefes de estado teve ou tem a missão mais difícil?
Terá Napoleão sido o Tom Cruise do século XVIII? Ou será Hollande o mais
recente James Bond? Tanto um como outro tiveram uma missão dificílima, no
entanto, acredita-se que Hollande não tem qualquer plano de transformar França
de novo num império e muito menos tem as ambições de conquista mundial que
outrora Napoleão tivera.
Com a batata quente nas mãos
há que apoiar Hollande porque na verdade:
Allons
enfants de la patrie,
Le
jour de gloire est arrivé
Joana Silva